Quem me dera ser a lua.
Lá no alto venerada.
E sempre sempre adorada.
Quem me dera que me amasses
Como amas teu espelho.
Mesmo partida que me olhasses.
Mesmo que depois me quebrasses.
Quem me dera que me tocasses.
E de seguida me deixasses.
Melhor se cura a ferida deixada.
Que a ferida nunca curada.
De tantas vezes sangrada.
Quem me dera que fosses quem imaginava.
Que, como eu, desejavas uns pés aos quais te ajoelhar.
Não para te pedir perdão.
Mas para teus cabelos afagar.
Em meu colo te amar.
Quem me dera não te ter magoado.
Nunca te ter atacado.
Apenas ter seguido sem ti.
Sabendo que por ti era amado.
Desculpa Amor essa dor que te causei.
Unicamente porque nunca te amei.
Como devia ter-te amado.
E agora que os dois esgotámos tantas palavras mal usadas.
Tantas palavras desperdiçadas.
Tantos silêncios perdidos.
Vamos seguir sem para trás olhar.
Vamos para sempre nos ignorar.
Mentira.
Essa tua necessidade de te mostrares mais do que és.
Frustrado na mentira da tua existência.
E eu aqui pronta a perdoar.
Se agora de repente voltasses.
Me pedisses a mão em ajuda.
Me mentisses mais uma vez mesmo eu sabendo.
E eu aqui pronta a perdoar.
Eu entendo.
O amor tem destas coisas.
É mais fácil caminhar pelo obvio do que lidar com a incerteza e a inconstância.
E eu aqui pronta a perdoar.
Mentira.
Não perdou-o.
Nem tu voltas.
Nunca saberemos porque nem tentámos.
Mentira.
Nós?
Uma mentira.
Eu e tu.
Duas mentiras.
Vida?
Mentiras.