Imagino o toque.
Cresce a vontade.
Sonho com o impossivel.
Ouço cada palavra que dizes.
Bebendo, saboreando cada tom.
Não sei quem foste.
Mas sei quem és.
Sei que te quero.
Sei que não te vou ter.
Portanto sonho.
Sonho com fábulas de principes e meninas comuns.
Com viagens nossas ao fundo do mar.
Sonho com esse beijo que me transformará.
Sonho com vidas...que são vidas.
Aí perto de ti nada me interessa.
Perto de ti estou em paz.
Mesmo não tendo toque teu.
Mesmo só em sonhos.
Perto de ti sou eu.
Perto de ti sou feliz.
Berlengas (aguarela) Alfredo Roque Gameiro (1864-1935)
Muitas vezes me confundo com a paisagem.
Muitas vezes não me veem.
Tantas as vezes não quero ser vista.
Saio de manhã camuflada.
Alheia a esses que são cegos.
Sem procurar quem me quer.
Não questionando quem me vê.
Aguardo pacientemente a hora.
Essa hora amaldiçoada em que me verás.
Pedindo-me perdão por te teres esquecido que já me tinhas olhado.
Lentamente analisarás cada passo, cada gesto.
Lentamente como em camara lenta.
Pensarás em todos os momentos que perdeste.
Em todos os meus olhares que não viste.
Em todos os sinais que não entendeste.
Não peças mais perdão ao Amor.
Perdoado estarás quando me amares.
Não te ressintas pelo perdido.
Procura antes o horizonte desconhecido.
Amo-te sim.
Amo.
A todos antes amei.
A todos antes me dei.
A todos já perdoei.
Amo-te sim porque não sei quem és.
Amo.
Amo e sei que já me olhaste.
Tal como te olhei.
Só ainda não nos vimos...